Texto de autoria do nosso protetor quilombola Professor Antônio Carias Frascoli, em homenagem à nossa também protetora quilombola, Professora Maria Salomé Reis Alves de Lima, falecida em 14 de novembro de 2019.
Aproveito o ensejo da realização do “Minicurso Online – Teorias e práticas do Patrimônio Arquitetônico edificado”, para render minhas homenagens à imbatível e incansável Dona Salomé.
Uma vida dedicada ao Patrimônio Cultural da cidade de Cristais MG. Conversávamos muito; e quantos aprendizados … Quando vi os operários ficando esta placa antes da pandemia … foi inevitável associá-la à nossa Networking – dentre os contatos … “conectei mentalmente” com à Dona Salomé, que tanto lutou pelo patrimônio de nossa cidade.
Em plena pandemia estamos neste minicurso (webnar) refletindo sobre o nossos bens tombados e inventariados com arquitetos e urbanistas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Mitra diocesana de Oliveira (Diocese de Oliveira MG) e membros do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Cristais MG. Oportunizar estes momentos são de fundamental importância para a preservação e valorização do que é nosso – o patrimônio. Legado de gerações.
Na Cultura, Dona Maria Salomé Reis foi integrante do “Tambores do Quilombo Minas Gerais‘ – ‘uma Protetora do Quilombo‘
Rendo aqui as minhas homenagens póstumas a quem, em vida, teve muitas frentes de batalha – a última foi contra um câncer, que ceifou a sua vida – precocemente. Passava na calçada e ouvia a sua voz… É esta a lembrança que tenho do som de sua voz nos seu últimos dias de vida.
Malungos, avante: Ambrósio Quilombola! Marcos Marques! Raimundo Andrade!
E ainda Jeremias Brasileiro, o autodidata que chegou ao doutoramento para entender os meandros da academia, em cujo artigo no dossiê temático, “130 anos da Abolição: História, Luta e Resistência Escrava no Brasil”, citou a cartilha da Dona Salomé, que entreguei em mãos ao autor.
– Quando disse à “ela” que havia sido citada no dossiê*1 da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, soube em vida e ficou admirada pela citação.
– Como aqui nem valor*2 dá? Cf. pág. 70. É Dona Salomé! Santo de casa não faz milagre e a galinha do vizinho sempre é a mais gorda.
*1 – LIMA, Maria Salomé Reis Alves de. Festa cultural: o reinado em Aguanil, Campo Belo e Cristais – a força da tradição, a história de um povo. Campo Belo: Grafisa, 2010.
*2 – Temporalidades – Revista de História, ISSN 1984-6150, Edição 25, V. 9, N. 3 (set./dez. 2017). Dossiê: 130 anos da Abolição: História, luta e resistência escrava no Brasil.